Cordel - Bil e a Galinha do capeta

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Conheça a lenda da galinha dos olhos de fogo, que assombra as estradas de muitos sítios de Bananeiras, contada através de Bil, um matuto esperto que escapa de todas as enrascadas utilizando da esperteza.

 
Juro que isso é verdade
aconteceu com um amigo
Viu a coisa bem de perto
se viu sem arma ou abrigo.
Tentou correr e não deu
na hora a perna tremeu
isso tudo por um castigo.

Já era quase meia noite,
Bil voltava da cassada
nem um preá ele achou
e uma fome desgraçada.
Pediu em sua oração:
“eu só queria que o cão
me tirasse dessa cilada.”

Nisso deu um pé de vento
e apareceu uma galinha
ciscando com sete pintos
Bil pensou: “essa é minha”
Foi direto pra pegá-la
“Agora eu vou matá-la
e crio o resto da ninha.

De repente a bicha berrou
e veio outro pé de vento.
Subiu um catinga de podre
era um sujeito fedorento
Bil pensou: “eu tô lascado
ou sou eu que tô cagado
ou é enxofre do lazarento.”

O cabra deu uma gaitada
fedendo a pai de chiqueiro
“Você me pediu eu trouxe
uma franga do meu terreiro.
Coma logo essa galinha
sua alma agora é minha
e eu quero voltar ligeiro.”

O cão acendeu um fogo
só com uma cusparada
A galinha, feito doida
pinotou pra ser assada.
Em apenas dois segundos
o fedor subiu no mundo
a bicha tava preparada.

O cão estendeu a coxa
para Bil poder comer.
Ele todo se tremendo
pensava no que fazer
se correr o cão pegava
se ficasse lhe levava
mesmo antes de morrer.

O cão comeu um pedaço
Mas Bil não conseguia
o gosto era mesmo bosta
pra descer, só com cutia.
Bil caçou no seu bisaco
mas só trazia um frasco
de pimenta da Bahia.

Logo lhe veio uma ideia
pra lascar o satanás:
“Escute cão, meu amigo
o que é isso aí atrás?
Cuide, se vire ligeiro
sentasse num formigueiro
deixe eu limpar, rapaz!”

O cão virou rapidamente
pra Bil poder lhe limpar
“As bichas estão entrando
baixe as calças pra eu tirar”
O satanás lhe obedeceu
e gritou quando Bil meteu
a pimenta naquele lugar.

Bil então meteu carreira
sorrindo da situação
“Pimenta pra mim é refresco
mas queima a bunda do cão.
Isso é pra tu se lembrar
quando no trono sentar:
Bil te venceu, meu irmão.”

Peu de andrade, 2015 – concordel – Todos os direitos reservados.
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